Os homens tabagistas têm maior deterioração mental com o passar do
tempo do que aqueles que nunca fumaram, segundo um estudo britânico
publicado na última segunda-feira (6) nos Estados Unidos, que advertiu,
no entanto, que a mesma relação causa-efeito não se observou nas
mulheres.
A investigação sugere que os efeitos do hábito de fumar a longo prazo
se manifestam em perda de memória e incapacidade para vincular a
experiência passada com as ações do presente, assim como uma queda nas
habilidades cognitivas gerais.
O estudo, publicado na revista especializada Archives of General Psychiatry,
acompanhou através do serviço civil britânico mais de 5.000 homens e
2.100 mulheres com idade média de 56 anos no começo do estudo e foram
acompanhados no máximo por 25 anos.
Os cientistas da University College de Londres comprovaram sua condição
de fumantes seis vezes neste período e os submeteram a uma série de
provas cognitivas.
Eles descobriram que o tabagismo esteve vinculado a uma redução mais
rápida na capacidade mental em todos os testes cognitivos entre homens
que fumavam em comparação com os homens não fumantes.
"Nossos resultados mostram que a associação entre tabagismo e cognição,
sobretudo em idades mais avançadas, parece estar subestimado devido ao
risco maior de morte e abandono entre os fumantes", destacou o estudo,
chefiado por Severine Sabia, do University College de Londres.
Os homens que pararam de fumar nos primeiros 10 anos após iniciado o
estudo estavam ainda em maior risco de deterioração cognitiva, mas a
longo prazo os ex-fumantes não mostraram os mesmos níveis de
deterioração.
"Este estudo põe em manifesto que fumar é nocivo para o cérebro",
afirmou Marc Gordon, chefe de neurologia do hospital Zucker Hillside em
Glen Oaks, Nova York, que não participou do estudo.
"Na metade da vida, fumar é um fator de risco modificável, com um
efeito mais ou menos equivalente a 10 anos de envelhecimento na taxa de
deterioração cognitiva", acrescentou.
As descobertas são chave para explicar o envelhecimento da população
mundial, com 36 milhões de casos de demência em todo o planeta, uma
cifra que dobrará a cada 20 anos, segundo as projeções, afirmaram os
autores do estudo.
Não ficou claro porque as mulheres não mostraram a mesma relação entre
tabagismo e envelhecimento mental , embora os pesquisadores tenham
sugerido que o menor tamanho da amostra e a maior quantidade de cigarros
fumados pelos homens em comparação com as mulheres poderiam ser fatores
contribuintes.
FONTE - UOL
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