terça-feira, 5 de abril de 2011

Quando vejo o quadro “A Liberdade Conduzindo o Povo” escrito por Aristobulo Lima





Não sou nem pretendo ser crítico de arte. Logo não tenho conhecimentos o suficiente para isso. Mas existe certos quadros que nos despertam sensações que são tão complexas e profundas que prescindem de quaisquer conhecimentos específicos em artes para poder analisá-los.
Seria uma análise simplista em que prevalece muito mais o coração que a razão.
Quando vejo o quadro “A Liberdade Conduzindo o Povo” de Eugène Delacroix, pintado em 1830 tem uma profusão de símbolos tão intensa que marca a retina de qualquer um que o veja. Não é a toa que é uma das obras mais marcantes e icônicas da arte francesa, perpetuada até hoje e mesmo sido elaborado no início do século XIX, virou até capa de álbum como aquele do grupo britânico Coldplay já hoje em pleno século XXI.
A tela é uma evidente referência a Revolução Francesa, ainda fresca na memória dos franceses naquele ano de 1830, em que novos ventos revolucionários sopravam em definitivo. Mostra os ideais do liberalismo, personalizados numa mulher com os seios a mostra guiando o povo pobre e humilde com armas em mãos, com expressão rude e irada, derrotando, passando por cima dos nobres derrotados.
Note-se que mesmo tendo os seios desnudos, a Liberdade não exala sensualidade, isto para ela é indiferente, menor, a grande importância reside na condução do povo, que também se mostra indiferente aos seios desnudos, concentrado também só em serem guiados, pouco importando em pequenas “animalescidades” tais como a sensualidade. Em suma, A Liberdade é uma bela mulher, mas isso não é importante.
Percebe-se que um dos nobres mortos caídos ao chão está desnudo da cintura pra baixo. Seria a humilhação de estar nu perante uma mulher. Pior, além de nu, inerte, sem vida, impotente. Um grande castigo aos ímpetos chauvinistas duma nobreza decadente.
O céu escuro gera temor, perspectiva de raios e trovões, porém a esperança de chuva renovadora.
O povo seguindo a Liberdade, multifacetado e irado, na busca da liberdade que lhe fora tolhida. Logo a frente, bem ao lado da Liberdade, um cidadão bem vestido, provavelmente burguês, uma representação clara do grande motivador daquela revolução de 1830.
Tirando  este ou aquele aspecto pontual que poderia datar o quadro como sendo dos princípios do século XIX, características únicas além de lhe dar sua face universal, dar-lhe um sentido a temporal tanto que um singelo grupo de rock inglês, em pleno século XXI o escolheu como capa para um dos seus álbuns.  

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