Cerca de 30% da população brasileira têm mau hálito - ou halitose -,
segundo recente estudo. Entretanto, diferentemente do que muitos
pensam, o odor desagradável exalado pela boca não é, necessariamente,
uma consequência apenas do descuido com a escovação dos dentes. “O que
poucos sabem é que o mau hálito pode ser sintoma de doenças
subjacentes, como complicações renais, hepáticas, diabetes, entre
outras”, afirma a dentista Sylvia Lessa Bini.
Segundo a especialista, existem mais de 60 causas
para a halitose e, aproximadamente, 90% dos casos têm origem bucal, 8%
têm origem nas vias aéreas superiores e 2% são advindas do organismo.
No geral, pode ocorrer mau hálito de manhã, devido ao jejum prolongado;
halitose de origem bucal (cáries, higiene precária); de origem das vias
aéreas superiores (amigdalite, faringite, sinusite, adenoide, rinite);
e alterações morfológicas da língua. “Uma das causas mais comuns é a
formação das placas bacterianas, originada pela diminuição da produção
de saliva, ocasionada, principalmente, por remédios que têm esse efeito
colateral. O estresse excessivo, dieta e exercícios físicos vigorosos
também contribuem para o mau hálito”, afirma a dentista.
A especialista explica que as pessoas com halitose
não conseguem sentir o próprio odor bucal, por estar muito próximo ao
nariz. “É um cheiro comum ao paciente, como alguém que passa o mesmo
perfume todos os dias e acostuma-se. O ideal é que os amigos e
familiares mais próximos alertem quanto ao problema para que possa ser
tratado”, destaca. E um fato curioso é que os enxaguantes bucais,
usados justamente para amenizar o odor, podem intensificar o mau
hálito. “A maioria dos produtos disponíveis no mercado são à base de
álcool, o que provoca o ressecamento da boca. Mas, a princípio, eles
enganam porque têm um gosto agradável”, explica.
As pessoas com mau hálito podem sofrer alguns
problemas no âmbito social. Por isso, o paciente deve ser visto como um
todo, para se obter um resultado satisfatório no tratamento. A dentista
explica que, alertado sobre a sua halitose por alguém de sua
convivência, o paciente geralmente fica abalado emocionalmente, com
dificuldades nos relacionamentos pessoal, social e profissional, pois
se sente extremante constrangido. “A halitose leva a uma restrição
social e o medo de possuí-la pode precipitar uma neurose. Na clínica, o
tratamento do mau hálito é feito em sigilo para preservar o paciente.
Prevenção e Diagnóstico
Um minucioso exame clínico bucal deve ser realizado
para o diagnóstico da halitose. E a dentista ressalta que não se pode
esquecer que a halitose é multifatorial e multidisciplinar. Testes com
“halímetro” avaliam e quantificam a produção de derivados de enxofre,
tanto através de via nasal quanto oral. A uma distância de 30 cm, o
paciente deve soltar um jato de ar, lento e longo, em direção ao nariz
do examinador, para que ele identifique o tipo de halitose, que pode
ser crônica - quando presente de forma contínua - ou transitória.
De acordo com a dentista, existe a halitose leve ou
da intimidade, perceptível apenas quando o portador estiver muito
próximo; halitose moderada ou do interlocutor, perceptível à distância
de conversação; e halitose forte ou social, perceptível no ambiente em
que o portador exala o fluxo expiratório.
“Também é preciso avaliar a frequência de ingestão
de água, se o paciente faz uso de líquidos durante a refeição, se tem
sensação de boca seca, se tem dificuldade em engolir a saliva, se faz
uso de medicamentos xerogênicos; pesquisar o uso e a frequência de uso
de drogas como cigarro e bebida alcoólica, maconha, cocaína”, afirma.
Para prevenir o mau hálito, a pesquisadora recomenda
alguns cuidados simples. “É preciso evitar o jejum prolongado e ter
uma limpeza eficiente tanto dos dentes como da língua, com material
próprio para escovação de ambos e orientação do uso correto do fio
dental. A ingestão de dois litros de água e de alimentos saudáveis é
essencial”, afirma.
Fonte: Mais Comunicação
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