terça-feira, 23 de setembro de 2014
Quem exagera no junk food pode perder gosto por dieta saudável, diz estudo.
Junk food demais pode modificar o comportamento alimentar, aponta estudo
Pessoas que exageram na ingestão dos chamados junk food (alimentos com pouco valor nutritivo, ricos em gordura e açúcar) tendem a perder o interesse por alimentos de uma dieta equilibrada, segundo um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology. Um experimento feito com ratos mostrou que o excesso de junk food pode modificar o comportamento alimentar, enfraquecer o autocontrole e levar a pessoa à obesidade.
Os pesquisadores da Escola de Ciências Médicas da Universidade de New South Wales, coordenados pela especialista em farmacologia Margaret Morris, descobriram que uma dieta pobre em nutrientes provoca mudanças duradouras nas áreas do circuito de recompensa do cérebro, responsável pela sensação de prazer, e no córtex orbitofrontal, que responde pela tomada de decisões.
Durante o experimento, os pesquisadores ensinaram os ratos a associar água com açúcar a um som e cereja e uva a outro. Os ratos saudáveis paravam de responder a estímulos ligados ao sabor que haviam experimentado em grande quantidade. Este mecanismo inato, difundido em animais, protege contra excessos e é responsável por promover uma dieta saudável e equilibrada.
Após duas semanas expostos a uma dieta que incluía acesso diário a alimentos do refeitório, como pizza, bolinhos, cookies e bolo, com 150% a mais de calorias, o peso dos ratos aumentou 10% e o seu comportamento mudou dramaticamente. Eles se tornaram indiferentes nas suas escolhas alimentares e não evitavam o som advertindo sobre o gosto familiar.
Segundo os especialistas, os resultados revelam que ter uma alimentação pobre em nutrientes limita a capacidade das pessoas de consumir certos tipos de alimentos porque os circuitos de recompensa do cérebro são semelhantes em todos os mamíferos.
"O mais interessante nesta descoberta é que, se o mesmo acontecer nos seres humanos, comer junk food pode mudar as nossas respostas aos sinais associados a recompensas do alimento. É como se você tivesse sorvete para o almoço e sentisse vontade de comer mais só de ouvir o carro do sorveteiro chegando", diz a professora Margaret Morris. Segundo ela, à medida que cresce a epidemia de obesidade, os anúncios podem ter um efeito maior sobre as pessoas que estão acima do peso.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que mais de 10% da população adulta do mundo é obesa e, pelo menos, 2,8 milhões de pessoas morrem a cada ano como resultado do excesso de peso ou obesidade. O sobrepeso e a obesidade são os principais fatores de risco para uma série de doenças crônicas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
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