segunda-feira, 22 de outubro de 2012

LEIA - Corte da Itália confirma relação entre tumor e uso de celular




Executivo italiano, que usava celular durante seis horas diárias por 12 anos, conseguiu provar elo entre tumor e aparelho

O supremo tribunal da Itália manteve uma decisão que afirma haver ligação entre o tumor no cérebro de um executivo e o uso excessivo do telefone celular, abrindo a porta para mais reivindicações legais. A decisão do tribunal vem de encontro com boa parte da opinião científica, que argumenta não haver provas suficientes para estabelecer uma ligação entre o uso de telefone celular e doenças como o câncer.
Mas alguns especialistas disseram que a decisão italiana não deve ser usada para tirar conclusões mais amplas sobre o assunto. "Todo cuidado é pouco antes de tirar conclusões precipitadas sobre telefones celulares e tumores cerebrais", afirmou Malcolm Sperrin, diretor de física médica e engenharia clínica no Royal Berkshire Hospital da Grã-Bretanha.

O caso italiano envolvia o diretor empresarial Innocenzo Marcolini, que desenvolveu um tumor no lado esquerdo de sua cabeça depois de usar seu celular por 6 horas diárias durante 12 anos. Ele, normalmente, segurava o telefone com a mão esquerda, enquanto fazia anotações com a mão direita quando fazia negócios com clientes da China e de outros países.
Marcolini desenvolveu um chamado neurinoma afetando um nervo craniano, que aparentemente não era um câncer maligno, mas, mesmo assim, exigia tratamento. Após a cirurgia para remover o tumor no nervo craniano, ele ficou com seu rosto parcialmente paralisado, afetando sua qualidade de vida.
Indenização
Inicialmente, ele buscou uma indenização financeira da Autoridade de Indenização dos Trabalhadores Italianos (Inail, na sigla em italiano), que rejeitou o pedido, alegando não haver prova de que sua doença tinha sido causada pelo trabalho. Mas um tribunal de Brescia, posteriormente, determinou que havia uma ligação de causalidade entre o uso de celulares e telefones sem fio e o surgimento de tumores.
O supremo italiano rejeitou um recurso da Inail contra essa decisão em 12 de outubro, embora só tenha divulgado sua decisão nesta sexta-feira (19). Segundo o tribunal, a decisão da corte inferior era justificada e a evidência científica apresentada em apoio à reivindicação era confiável. A situação de Marcolini tinha sido "diferente do uso normal e não profissional de um telefone celular", disse.
A prova foi baseada em estudos realizados entre 2005 e 2009 por um grupo liderado por Lennart Hardell, especialista em câncer do Hospital Universitário de Orebro, na Suécia. O tribunal disse que a pesquisa era independente e "ao contrário de alguns outros, não foi cofinanciado pelas mesmas empresas que produzem telefones celulares".
 Reuters

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