Nove países latino-americanos consomem menos álcool do que a Europa e a
América do Norte, revelou a Faculdade Latino-americana de Ciências
Sociais (Flacso) em um relatório apresentado em ocasião da 65ª
Assembleia Mundial da Saúde, principal órgão decisório da Organização
Mundial da Saúde (OMS), realizada esta semana em Genebra.
A pesquisa foi feita com base em pesquisas de porta em porta no Brasil,
El Salvador, República Dominicana, Costa Rica, Peru, Nicarágua,
Venezuela, México e Colômbia e é um trabalho independente sobre padrões
de consumo de álcool nos países mencionados, representativos da região
latino-americana.
A Flacso, com sede na Costa Rica, foi criada em 1957 com apoio
financeiro intergovernamental da América Latina e da Unesco, organização
das Nações Unidas para a Ciência, a Cultura e a Educação.
No momento, as conclusões da Flacso mostraram como resultado que seis
em cada dez pessoas entre os 18 e os 65 anos consomem álcool nos países
latino-americanos pesquisados, levando em consideração "que beberam,
pelo menos, uma taça no último ano", informou à AFP o coordenador do
estudo, Carlos Sojo.
O consumo per capita médio durante um ano nos nove países citado é,
segundo a Flacso, de 5,5 litros de álcool puro (8,9 para os homens e 2,3
para as mulheres).
Esta cifra é inferior à média de 6,7 litros anuais atribuídos pela OMS
aos mesmos países, mas em um cálculo feito apenas com números de venda
de bebidas alcoólicas, não por entrevistas pessoais.
Estes números da OMS demonstram que o consumo da população adulta na
Europa é de 13 litros de álcool por ano e por pessoa, enquanto nos
Estados Unidos o nível é de 9,4 litros, e no Canadá, de 9,8 litros,
acrescentou a Flacso.
A Flacso espera ampliar seu raio de investigação em 2012 para outros
cinco países latino-americanos: Honduras, Guatemala, Panamá, Equador e
Argentina.
Considerando as disparidades entre os nove países pesquisados, a Flacso
acrescentou que 74,5% de seus moradores consomem "pouco ou nada de
álcool", ao mesmo tempo em que dos 25% restantes, 20% constituem uma
população em alto risco de fazê-lo em grandes doses, embora
ocasionalmente, ficando os 5% restantes em risco alto de beber muito a
longo prazo.
"É necessário desenvolver políticas públicas baseadas na informação, o
que estamos fazendo na Flacso, para que se possa combater o consumo
nocivo" no segmento de alto risco, disse Sojo.
A prioridade são "os 5% de pessoas que bebem diariamente entre quatro
doses (mulheres) e seis (os homens), o que é nocivo para a saúde",
afirmou Carlos Sojo.
"Em termos de prevalência de consumo de bebidas alcoólicas, ao menos
uma vez nos últimos 12 meses, a situação da América Latina mostra uma
prevalência inferior às da Europa, Estados Unidos e Canadá", acrescentou
Sojo.
Segundo informações da OMS, a Flacso abordou a pesquisa com o rigor
sociológico da objetividade, condição aceita pela organização
"Cervejeiros Latino-Americanos", sem fins lucrativos, que reúne a
indústria de cerveja do continente e financiou o trabalho, informou à
AFP seu secretário-geral, José Manuel Juanatey, presente na assembleia.
A 65ª Assembleia Geral da OMS foi inaugurada na segunda-feira em
Genebra e será celebrada até 26 de maio com, com a participação de 3.000
pessoas de 178 países (de um total de 194 Estados-membros da OMS).
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