Todo edulcorante artificial, se consumido em excesso e em longo prazo, pode propiciar algum dano para a saúde, principalmente quando relacionado com o uso abusivo de alimentos industrializados
Desde que os adoçantes foram criados (a sacarina foi descoberta em 1879), várias dúvidas e polêmicas surgiram no rastro do produto colocando em dúvida não só sua eficácia, mas, principalmente, seus efeitos sobre a saúde. Embora vários estudos ainda não sejam conclusivos, convém saber mais sobre o assunto e sempre ouvir a opinião de especialistas.
A nutricionista Luciana Harfenist, membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional, salienta que há restrições e contraindicações ao emprego do item. "Quem tem pressão alta ou insuficiência renal, por exemplo, precisa verificar as taxas de sódio de cada marca antes de consumir." E tem mais: vários profissionais defendem que indivíduos saudáveis, que não apresentam nenhuma doença que obrigue restringir o açúcar, não deveriam inserir o adoçante na alimentação.
"Muito melhor seria adotarem uma dieta equilibrada, em quantidades adequadas para suas necessidades nutricionais", sustenta a nutricionista Ariane Machado Pereira, pós-graduada pelo Imen (Instituto de Metabolismo e Nutrição).
Ampliar
O
emprego desses produtos é prejudicial à saúde. PARCIALMENTE VERDADE:
conforme considera a nutricionista Ariane Machado Pereira, tudo depende
da forma como o item é inserido na alimentação. "Dentro de um contexto
saudável, para indivíduos que precisam se submeter a uma dieta restrita
ou com quantidades reduzidas de açúcar, apresentando condições
metabólicas e fisiológicas específicas, como diabetes, por exemplo, o
adoçante apropriado não proporcionará malefícios", diz. Agora, se for
consumido em doses excessivas, sem que se identifique o melhor produto
de acordo com as necessidades, é possível que promova algum efeito
maléfico para determinadas pessoas, segundo ela. A também nutricionista
Luciana Harfenist concorda: "Como envolve substâncias artificiais,
quando em excesso pode causar problemas a longo prazo, como alergia,
enxaqueca, falta de concentração, dificuldade no controle da ingestão de
carboidrato e mudança no paladar" Getty Images
Proibidos e liberados
Porém, nos Estados Unidos, por exemplo, o ciclamato de sódio foi relacionado ao câncer e, por isso, seu uso foi proibido. "Existem estudos que fazem um paralelo entre o câncer na bexiga e a sacarina e o ciclamato", diz Harfenist.
Pereira, no entanto, cita o Informe Técnico nº 40, de 2 de junho de 2009, disponível na página da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que diz que a decisão tomada pelo FDA, regulador de remédios e alimentos norte-americano, foi baseada em um estudo feito em ratos. A entidade já recebeu uma petição para revisar a proibição, que ainda está em análise.
A Anvisa diz que, desde então, foram conduzidos muitos estudos sobre carcinogênese envolvendo ciclamato, sozinho ou em misturas com sacarina, não tendo sido demonstrada incidência estatisticamente significativa de tumores na bexiga dos animais testados
"Acredito que todo edulcorante artificial, se consumido em excesso e em longo prazo, pode propiciar algum dano para a saúde, principalmente quando relacionado com o uso abusivo de alimentos industrializados, ricos em conservantes e aromatizantes e que, muitas vezes, já apresentam em sua composição algum edulcorante artificial", diz Pereira.
"Indivíduos saudáveis, sem necessidade de dietas especiais, não precisam aderir aos adoçantes artificiais. Basta mudar os hábitos alimentares, saborear itens in natura, como sucos de frutas, por exemplo, ou mesmo o café puro. Talvez isso demande tempo e persistência para que o organismo possa se adaptar ao sabor, mas compensará", conclui a nutricionista.
De qualquer forma, é bom ir com calma antes de começar a pingar gotinhas do dito-cujo em tudo que ingerir.
FONTE -UOL
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