Dois medicamentos produzidos de forma genérica e barata se mostraram
relativamente eficazes para limitar os riscos de reincidência do câncer
de mama entre as mulheres na menopausa - apontam dois estudos britânicos
publicados nesta sexta-feira (24) na revista especializada The Lancet.
Estes estudos "sugerem que duas classes diferentes de medicamentos, os
inibidores de aromatase (IA) e os bifosfatos, podem cada um melhorar as
perspectivas de sobrevida para as mulheres na menopausa quem têm câncer
de mama em fase inicial", informou a revista médica britânica.
Os inibidores de aromatase (IA) correspondem a um novo tipo de terapia
hormonal, tratamento que tem por princípio impedir a ação estimulante
dos hormônios femininos nas células cancerígenas.
Estes
tratamentos são dirigidos aos tumores "hormonossensíveis", ou seja,
sensíveis aos hormônios - cerca de 80% do total de cânceres de mama.
Pesquisadores de um grupo de pesquisa britânico sobre o câncer de mama
(EBCTCG) se debruçaram sobre nove estudos sobre os IA que dizem respeito
a um total de 30 mil mulheres para descobrir que estes medicamentos
poderiam fornecer melhores resultados que o tratamento padrão, feito com
tamoxifeno.
"Em comparação com o taximofeno, o fato de tomar
os IA durante cinco anos reduziu a possibilidade de reincidência do
câncer por volta de um terço (30%) e limitou o risco de morte por câncer
de mama em cerca de 15% sobre os dez anos que se seguiram desde o
início do tratamento", afirmou The Lancet.
Para o principal
autor do trabalho, Mitch Dowsett (Royal Marsden Hospital de Londres), os
IA oferecem "uma proteção significativamente maior do que a dada pelo
tamoxifeno".
Mas estes tratamentos têm efeitos secundários
(ondas de calor, dores nas articulações, cansaço, perda óssea) e é
preciso acompanhar de perto a administração do medicamento, ressaltou
Dowsett.
O segundo trabalho (análise de 26 testes com quase 20
mil mulheres envolvidas) mostra que os bifosfatos, medicamentos contra a
osteoporose, reduzem os riscos de ocorrência de metástases ósseas entre
as mulheres na menopausa que tiveram câncer de mama.
Entre
estas, a administração de bifosfatos permite reduzir em 28% o risco de
metástase óssea e reduz em 18% o risco de morte nos 10 anos após o
diagnóstico de câncer de mama - segundo o estudo.
Para Richard
Gray (Universidade de Oxford), que participou dos dois estudos, "estes
dois medicamentos genéricos e acessíveis podem contribuir para a redução
da mortalidade por câncer de mama entre as mulheres na menopausa".
Os dois tratamentos também são complementares, já que o principal
efeito secundário dos IA é a perda óssea que os bifosfatos permitem
corrigir, explicou.
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