A equipe se disse "espantada" ao perceber a formação espontânea de brotos hepáticos, os estágios mais iniciais de desenvolvimento do órgão.
A esperança é de que o transplante de milhares de brotos hepáticos possa reverter situações de falência do fígado.
Após a publicação dos resultados do estudo na revista Nature, muitos especialistas reagiram classificando o estudo como "empolgante".
A pesquisa deve dar novo fôlego às muitas equipes de cientistas que tentam, ao redor do mundo, criar órgãos em laboratório como tentativa de lidar com a falta de doadores para transplantes.
Alguns pacientes já têm bexigas feitas com suas próprias células, mas órgãos mais densos como o fígado e os rins são mais difíceis de serem produzidos.
Produção própria
A equipe da universidade japonesa simulou em laboratório os estágios mais iniciais do desenvolvimento do fígado, similares aos de um embrião.
Eles mesclaram três tipos de células - duas variedades de células-tronco e material colhido a partir de um cordão umbilical.
Para a surpresa dos cientistas, as células começaram a se organizar e se entrelaçaram para formar um broto hepático.
Estes brotos foram transplantados para camundongos, onde se conectaram ao sistema circulatório e passaram a funcionar como pequenos fígados.
O processo, de acordo com os cientistas, aumentou o tempo de vida dos camundongos com falência hepática.
"Nós simplesmente mesclamos três tipos de células e descobrimos que, de forma inesperada, elas se auto-organizaram para formar um broto hepático tridimensional - um tipo de fígado rudimentar", explica o professor Takanori Takebe, um dos responsáveis pelo estudo.
"E finalmente nós provamos que o transplante de brotos hepáticos pode oferecer potencial terapêutico contra a falência do fígado", diz Takebe, acrescentando que ele e a equipe ficaram "completamente espantados" e "absolutamente surpresos" quando perceberam a formação dos brotos hepáticos.
Tratamento
Acredita-se que outros órgãos, como o pâncreas, rins, e até mesmo os pulmões possam ser desenvolvidos da mesma forma.
No entanto, a utilização da técnica em um novo tratamento, de fato, ainda é um prospecto distante, avaliam os cientistas.
Os brotos hepáticos criados no estudo têm cerca de 4 a 5 milímetros de comprimento, mas os cientistas dizem que teriam que desenvolver outros muito menores para que eles pudessem ser injetados no sangue.
E adiantam que as células provavelmente não formariam um novo fígado, mas se acoplariam ao órgão em falência para tentar recuperá-lo.
Varuna Aluvihare, médica especialista em transplantes do King's College Hospital, de Londres, vê com bons olhos o estudo.
"Este é um grande trabalho e, como prova de um conceito, muito interessante. O grande destaque é que esta simples mistura de células pode se diferenciar e se organizar em estruturas de tecidos complexos que funcionam bem em modelos animais", diz.
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