Existem muitas bactérias dentro e fora dos nossos corpos -- isso é o
que chamamos de nosso microbioma. Calcular exatamente quantos micróbios
cada pessoa carrega não é uma tarefa fácil e o número mais citado tanto
na literatura científica quanto na popular muito provavelmente está
errado.
Em 1972, Thomas D. Luckey publicou um artigo na revista
científica The American Journal of Clinical Nutrition, no qual escreveu
que um homem adulto carrega cerca de 100 trilhões de bactérias no
sistema digestivo, além de mais um trilhão sobre a pele. O texto não
explicava como havia chegado a esses números.
Outro cientista,
D.C. Savage, citou Luckey em uma revisão escrita em 1977, afirmando que
"o organismo humano normal é composto por mais de 1014 células, das
quais apenas 10 por cento são células animais". Então ele utilizou o
número de Luckey, 100 trilhões, para o total de bactérias, e acrescentou
que um décimo desse total -- ou 10 trilhões -- seriam de fato células
humanas.
Esse valor arredondado ganhou força e a frase "10 vezes
mais células microbianas do que células humanas" passou a ser muito
repetida, como pode ser visto no site do Projeto do Microbiota Humano
dos Institutos Nacionais de Saúde, onde presumivelmente eles entendem
alguma coisa sobre o microbioma.
Uma estimativa recente calcula
que o total de células humanas seja de 37,2 trilhões, mas ainda assim a
proporção proposta por Savage sobreviveu. Utilizando a fórmula do 10
para 1, o número estimado de bactérias seria de 372 trilhões, e foi aí
que a história parou.
Mas um novo grupo de cientistas
israelenses concluiu que 372 trilhões não pode estar certo. A nova
análise foi publicada na edição de 28 de janeiro a revista Cell, com
mais detalhes e cálculos disponíveis online.
Utilizando um
micrômetro cúbico como o volume de uma única bactéria, eles fizeram sua
estimativa com base nos órgãos que contêm os micróbios, bem como na
provável concentração de bactérias em cada lugar. Os pesquisadores
estimam que no intestino grosso, onde vive a maior parte do nosso
microbioma, existam 39 trilhões de células bacterianas. Outros lugares –
a pele, a boca, o intestino delgado e o estômago -- contêm poucas
bactérias, que correspondem a uma parte bem pequena do total.
Por que esse conhecimento é relevante? "Às vezes não se pode responder a
essa pergunta, mas é importante se habituar a usar os números mais
precisos. Se podemos fazer uma estimativa melhor hoje do que há 10 anos,
esse esforço vale a pena", afirmou Shai Fuchs, um dos autores.
Fuchs e os coautores do trabalho, Ron Milo e Ron Sender, escreveram a
análise quando ele cursava o doutorado no Instituto Weizmann de Ciências
em Israel.
Naturalmente, isso ainda é apenas uma estimativa,
levando-se em conta o corpo de um homem de 20 a 30 anos, 70 quilos e
1,70 metro. O tamanho do microbioma varia com a idade, o sexo, a altura e
o peso da pessoa, além de mudanças de uma hora do dia para a outra: a
cada vez que uma pessoa defeca ela libera cerca de um terço das
bactérias presentes no cólon.
Contudo, concluíram os
pesquisadores, a estimativa realista da quantidade de micróbios que vive
no corpo humano é de cerca de 40 trilhões -- um número similar ao de
células humana
As esperanças de se desenvolver uma vacina contra o vírus da zika deram
um passo adiante nesta quarta-feira (17), quando a empresa farmacêutica
Inovio Pharmaceuticals disse que uma dose experimental induziu uma
reação robusta e duradoura em ratos.
Atualmente, pelo menos 15 empresas e grupos acadêmicos estão empenhados
na criação de vacinas contra o zika, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), em função do temor crescente do público diante
do vírus, que se propaga pelas Américas.
A zika, cujos sintomas incluem febre baixa e irritação cutânea, vem
sendo ligado a casos de microcefalia – uma má-formação cerebral - em
recém-nascidos no Brasil, embora a conexão ainda não tenha sido provada.
Não existe tratamento nem vacina comprovados contra a doença, uma prima
próxima dos vírus que causam dengue, chikungunya e febre do Oeste do
Nilo.
A Inovio disse em um comunicado que os ratos que receberam sua vacina
desenvolveram anticorpos e mostraram reação das células-T, que
desempenham um papel importante na imunização do corpo.
"A seguir, iremos testar a vacina em primatas não-humanos e iniciar a
fabricação do produto clínico. Planejamos iniciar a Fase I dos testes em
humanos de nossa vacina contra o zika antes do final de 2016", afirmou o
executivo-chefe da Inovio, Joseph Kim.
A Fase I é o primeiro estágio de um processo de três etapas de testes
de novos medicamentos e envolve o uso de um produto experimental em
voluntários saudáveis.
A vacina de DNA da Inovio está sendo desenvolvida com a empresa
sul-coreana GeneOne Life Sciences e com colaboradores acadêmicos. Um
colaborador canadense disse à Reuters no mês passado que o teste da
vacina em humanos pode começar já em agosto.
Outros projetos de vacina
Entre outras organizações com projetos de vacina contra o vírus da zika
relativamente avançados está a indiana Bharat Biotech, que informou no
início de fevereiro que sua vacina experimental está prestes a ser
aplicada em testes pré-clínicos com animais.
Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos também estão
trabalhando em outra vacina de DNA, e a farmacêutica francesa Sanofi,
que fabrica a primeira vacina contra dengue do mundo, anunciou em 2 de
fevereiro que está lançando um projeto de vacina do zika.
Apesar do programa de trabalho acelerado, entretanto, a OMS estima que
serão necessários pelo menos 18 meses para que qualquer vacina contra o
zika esteja pronta para ser utilizada em testes clínicos de larga
escala.
Apontado como o causador do surto de microcefalia no Brasil, o vírus
da zika já está circulando em pelo menos 33 países de três continentes,
revela boletim epidemiológico divulgado na tarde desta sexta-feira, 5,
pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o
documento, além dos 26 países e territórios das Américas afetados pela
doença, passam a figurar na lista de nações com transmissão interna do
zika Cabo Verde, na África, Ilhas Maldivas, Fiji, Tonga, Samoa, Ilhas
Salomão e Vanuatu, todos na Ásia. Embora países africanos e asiáticos já
tenham registrado surtos da doença desde 2007, é a primeira vez desde
2015, quando começou o grande surto nas Américas, que um país de fora do
continente registra casos.
Segundo a OMS, além dos 33 países
com casos autóctones já reportados no período entre 2015 e 2016, há
indicação de circulação viral em outras seis nações: Gabão, na África,
Indonésia, Tailândia, Cambodja, Filipinas e Malásia, na Ásia.
No
boletim, a organização vinculada às Nações Unidas ressalta que pelo
menos cinco países das Américas já registraram aumento de casos de
Síndrome de Guillain-Barré (SGB) desde o início do surto de zika:
Brasil, Colômbia, El Salvador, Suriname e Venezuela. A suspeita é de que
tanto a SGB quanto a microcefalia possam ser desencadeados pela
infecção pelo zika vírus.