sábado, 18 de abril de 2015
Negligenciadas, doenças do coração são as que mais matam mulheres Comente.
Atenção, mulheres, especialmente as jovens: você consegue salvar seu coração?
Apesar de serem vistos há muito tempo como doenças masculinas, os problemas no coração afetam o mesmo número de mulheres e de homens, só que elas tendem a desenvolver e morrer da doença cerca de dez anos depois deles. E, mesmo que as mortes por problemas coronários tenham diminuído ao todo, há sinais de que a doença, seus precursores e suas consequências potencialmente fatais estejam aumentando entre as jovens.
Um estudo de 2007 se referia ao aumento dos fatores de risco cardiovasculares entre as mulheres mais jovens como "o início de uma tempestade que está se formando".
Enquanto muitas mulheres se preocupam com o câncer, apenas um pouco mais da metade se dá conta de que as doenças cardíacas são a primeira causa de morte entre elas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Mais mulheres nos Estados Unidos morrem de causas cardiovasculares – doenças do coração e derrames – do que de todas as formas de câncer combinadas.
Várias campanhas da Associação Americana do Coração e de outras organizações aumentaram a conscientização entre as mulheres sobre os riscos autoinflingidos e os sintomas, que são tipicamente muito mais sutis nas mulheres do que nos homens.
"Mesmo que acreditem que estão tendo um ataque cardíaco, 36% das mulheres não chamam a ambulância", afirma a doutora Holly S. Andersen, diretora de educação e alcance do Instituto do Coração Perelman da Universidade de Medicina Weill Cornell, citando a última pesquisa nacional da associação do coração.
Em vez de ter uma dor forte no peito, as mulheres que começam a ter um ataque do coração normalmente sentem um desconforto no pescoço, na mandíbula e nos ombros, na parte de cima das costas ou abdômen, tontura, náusea, dor no braço direito, dificuldades para respirar e suor ou cansaço incomum. Quase dois terços das mulheres que morrem subitamente de ataque cardíaco não tiveram qualquer sintoma anterior.
Os médicos geralmente falham na hora de levar a sério os riscos nas mulheres e tratá-los agressivamente ou na hora de repassar recomendações adequadas de prevenção, afirmam Holly e outros especialistas. "Isso é especialmente verdadeiro para mulheres jovens", diz ela. No entanto, "nas mulheres com idades entre 29 e 45 anos, parece que a incidência das doenças do coração está aumentando".
Existem muitas razões. Estresse, por exemplo, é um fator de risco conhecido e não comumente citado, "e as mulheres mais jovens nos EUA estão mais estressadas do que nunca. Elas estão sempre ligadas e se autocomparando", confirma Holly.
Fumar – maconha assim como cigarros – é um risco para as coronárias. E, apesar de o hábito ter diminuído entre mulheres mais velhas, "as mais novas são as que continuam fumando", conta Holly. As que tomam pílulas anticoncepcionais e fumam correm o maior risco.
Os números de dois outros fatores importantes, obesidade e diabetes, estão crescendo mais do que em qualquer outra época, especialmente entre mulheres hispânicas nascidas nos Estados Unidos, metade das quais desenvolve diabetes por volta dos 70 anos.
"Somos bons em tratar doenças cardíacas, mas estamos falhando na prevenção", explica Holly. Como notou a doutora Nanette K. Wenger, professora emérita da Escola de Medicina da Universidade Emory, em 2010, o contínuo declínio de mortes por doenças do coração entre mulheres desde 2000 aconteceu mais por causa dos cuidados do que da prevenção.
"Uma necessidade importante que ainda não resolvemos é a conscientização entre as jovens, o grupo de mulheres que se preocupa menos em ter comportamentos preventivos", escreveu ela. E, décadas atrás, descobriu-se que as doenças do coração se originavam na adolescência e no começo dos 20 anos e pioravam gradualmente, ao menos que outras medidas preventivas fossem tomadas.
Quando mulheres com altos níveis de colesterol LDL, prejudicial às artérias, começam a tomar estatinas, o tratamento normalmente dá uma "falsa segurança" de que o remédio "pode compensar por escolhas de alimentação erradas e uma vida sedentária", escreveu a doutora Rita F. Redberg, cardiologista e editora do JAMA Internal Medicine no ano passado. Em uma pesquisa, ela cita que "as mulheres que usam estatinas aumentaram significativamente o consumo de gordura e calorias, junto com seu IMC (Índice de Massa Corporal), na última década. A pessoa que mantém seu foco nos níveis de colesterol pode não se preocupar com os benefícios que levar uma vida saudável trazem na hora de reduzir o risco de doenças cardíacas".
Uma dieta rica em frutas e vegetais, que contêm antioxidantes naturais que as estatinas não fornecem, é mais importante, diz Holly. "Assim como fazer exercícios aeróbicos regulares, passar tempo com os amigos e dormir bem – de seis a oito horas. A falta de sono crônica dobra o risco de doenças do coração."
Esse risco também é maior entre mulheres que têm mais gordura em volta do abdômen – o chamado corpo de maçã. A gordura abdominal é metabolicamente ativa e pode resultar em aumento da pressão arterial e diabetes, mesmo que a mulher seja magra em outras partes do corpo.
"O tamanho da cintura é mais importante do que o IMC", explica Holly,
Depressão e falta de suporte social, mais comum entre mulheres mais velhas, também estão entre os riscos não levados em conta. "O isolamento social é prejudicial. Mulheres que regularmente passam seu tempo com amigos próximos vivem mais e têm menos problemas do coração."
Um visão positiva da vida – rir muito, ter senso de humor, ser otimista – também tem efeito protetor, enumera Holly.
Apesar de o "estresse matrimonial aumentar o risco de a mulher ter uma doença do coração", viver ao lado de um parceiro compatível ou de um animal de estimação faz bem, avisa ela.
Há vários fatores que as mulheres experimentam no início da vida, especialmente duas condições relacionadas com a gravidez – pré-eclâmpsia e diabetes gestacional – que estão ligados ao aumento do risco de problemas coronários anos depois.
Duas outras condições que ocorrem mais com mulheres jovens podem ser o motivo de sintomas normalmente negligenciados por elas e por seus médicos como possivelmente ligados a ataques cardíacos. Mulheres têm mais tendência a desenvolver bloqueios nas pequenas veias que alimentam o coração, que podem causar pressão e aperto no peito em vez de uma dor excruciante, de acordo com o Instituto Nacional de Coração, Pulmão e Sangue.
Elas também estão mais sujeitas à "síndrome do coração partido" causada por eventos como a morte súbita de uma pessoa querida, perda de emprego ou dinheiro, divórcio, um acidente grave, desastre natural ou mesmo uma festa surpresa. A reação ao estresse intenso pode resultar em dor no peito e dificuldades para respirar que, embora temporárias, parecem um ataque do coração, mas raramente o causam.
sábado, 11 de abril de 2015
Apenas um em cada quatro brasileiros consome verduras e frutas suficientes diz estudo.
Os dados, que fazem parte da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2014, foram divulgados hoje (7) pelo Ministério da Saúde.
O estudo mostra ainda que 29,4% da população ainda consomem carne com excesso de gordura. Os homens ingerem duas vezes mais: 38,4%. Entre as mulheres o índice é 21,7%. Os números indicam também que o brasileiro tem diminuído a ingestão de refrigerante – item que caiu 20% nos últimos seis anos. Entretanto, mais de 20% da população ainda tomam desse tipo bebida cinco vezes ou mais na semana.
Em relação aos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, o Vigitel mostrou que o consumo regular do feijão em cinco ou mais dias da semana está presente em uma escala correspondente a 66% da população. O percentual foi maior entre os homens – 73% – ao passo que, entre as mulheres, o consumo de feijão equivale a 61%.
domingo, 5 de abril de 2015
Pessoas ficam mais inteligentes com a idade, mostra estudo.
Elementos de julgamento social e memória de curto prazo, partes importantes do complexo cognitivo, podem ter seu auge mais tarde do que foi pensado anteriormente
O conhecimento é muito importante, claro. As pessoas que estão além da meia-idade tendem a saber mais do que os jovens, só pelo fato de terem vivido mais tempo, e se saem melhor em testes de vocabulário, palavras cruzadas e outras aferições de inteligência permanente.
Ainda assim, os jovens que pedem conselhos aos mais velhos (a maioria desesperados) não o fazem apenas para conseguir informações, terminar as palavras cruzadas ou usar o cartão de crédito deles. Nem, normalmente, estão procurando ajuda para resolver um problema que envolva memória de curto prazo ou para completar um quebra-cabeça. Esse tipo de habilidade, chamada inteligência fluida, tem seu pico na faixa dos 20 anos.
Não, os cérebros mais velhos oferecem algo a mais, de acordo com um novo artigo do periódico Psychology Science. Elementos de julgamento social e memória de curto prazo, partes importantes do complexo cognitivo, podem ter seu auge mais tarde do que foi pensado anteriormente.
Os pós-doutorandos Joshua Hartshorne, do MIT, e Laura Germine, de Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts, analisaram uma imensa coleção de resultados de testes cognitivos feitos por pessoas de todas as idades. Os pesquisadores descobriram que uma divisão do tipo de cognição em relação à idade – fluida nos mais jovens e cristalizada nos mais velhos – escondia nuances importantes.
"Essa dicotomia em relação aos picos dos mais jovens e dos mais velhos é muito rasteira. Há muitos outros padrões acontecendo e precisamos levá-los em conta para entender de verdade os efeitos da idade na cognição", avisa Hartshorne.
O novo artigo não é o primeiro desafio para a literatura científica sobre o declínio relacionado à idade e não será o último. Um ano atrás, pesquisadores alemães afirmaram que os "déficits" cognitivos da idade eram causados principalmente devido ao acúmulo de conhecimento – ou seja, o cérebro fica mais lento porque precisa fazer a busca em uma maior biblioteca mental de fatos. Essa ideia causou debate entre os cientistas.
Os especialistas afirmaram que a nova análise levanta outra questão: existem elementos diferentes e independentes da memória e da cognição que têm seu auge em períodos distintos da vida?
"Acho que eles têm que trabalhar mais para demonstrar que esse é o caso, mas esse é um artigo provocativo e vai causar impacto nesse campo", avisa Denise Park, professora de Comportamento e Ciências do Cérebro da Universidade do Texas, em Dallas.
A força da nova pesquisa está parcialmente em seus números. O estudo avaliou resultados históricos do popular teste de inteligência Wechsler e os comparou com resultados recentes de testes cognitivos curtos feitos por dezenas de milhares de pessoas nos sites dos autores, testmybrain.org e gamewithwords.org. O único problema desse tipo de abordagem é que, como eles não seguiram as mesmas pessoas durante um longo tempo, a pesquisa pode ter deixado de lado o efeito de experiências culturais diferentes, afirma K. Warner Shaie, pesquisador da Universidade Estadual da Pensilvânia.
Porém, a maioria dos estudos anteriores não foram tão grandes nem tiveram a mesma abrangência de idades. Os participantes dos sites estavam entre 10 e 89 anos e fizeram uma grande bateria de testes que mediam habilidades como memória para símbolos abstratos e sequências de dígitos, solução de problemas e facilidade para ler emoções nos olhos de pessoas desconhecidas.
Tão importante quanto a abrangência foi o fato de os cientistas procurarem o efeito da idade em cada tipo de teste. Pesquisas anteriores normalmente agrupavam testes similares, assumindo que eles capturavam um atributo básico comum, da mesma maneira que um treinador dá nota para a capacidade atlética de alguém baseado na velocidade, força e habilidade de saltar.
Qual foi o resultado da nova abordagem? "Encontramos habilidade diferentes amadurecendo em idades diversas. É uma imagem muito mais rica do tempo de vida do que apenas chamar de envelhecimento", diz Laura.
A velocidade de processamento de informações – a rapidez com que cada pessoa manipula números, palavras ou imagens, como se usasse um bloco de rascunhos mental – geralmente chega ao auge no final da adolescência, confirmaram Laura e Hartshorne, e a memória para algumas coisas, como nomes, chega ao pico aos 20 e poucos anos. Mas a capacidade daquele bloco de rascunho mental, chamado memória de trabalho, atinge seu melhor momento pelo menos uma década depois e demora para entrar em declínio. As habilidades para lembrar de rostos e fazer contas de cabeça, principalmente, chegaram ao auge aos 30 anos, segundo o estudo, "algo difícil de assimilar usando a dicotomia entre inteligências fluida e cristalizada".
Os pesquisadores também analisaram os resultados do teste Lendo a Mente nos Olhos. No exame, as pessoas precisavam olhar para fotos de olhos de desconhecidos em um computador e determinar seu estado de espírito de acordo com um menu com opções como "cauteloso", "inseguro" e "cético".
"Não é um teste fácil, e a pessoa não sabe depois se foi bem ou não. Achei que tinha falhado, mas na verdade fui bem", avisa Laura. Ainda assim as pessoas em seus 40 ou 50 anos consistentemente se saíram melhor, segundo o estudo, e a habilidade decaiu muito devagar em idades mais avançadas.
A imagem que emerge dessas descobertas é a de um cérebro mais velho que se move mais devagar do que quando era jovem, mas que se tornou mais preciso em muitas áreas e mais experiente em ler o humor das outras pessoas – além de ter mais informações. Essa é uma combinação muito prática, já que várias decisões importantes que a pessoa toma afetam intimamente os outros.
Ninguém precisa de um cientista cognitivo para lhe explicar que é melhor pedir um aumento ao chefe quando ele ou ela estão de bom humor. Mas a mente mais velha pode estar mais apta a deixar de lado julgamentos interpessoais errados e se sair bem em situações complicadas.
"Como em 'Essa pessoa não está feliz com seu pensamento rápido e velocidade de processamento – ele está quase batendo em você", diz Zach Hambrick, professor de Psicologia da Universidade Estadual do Michigan.
Os detalhes para essa imagem mais complexa do envelhecimento cerebral não são muito claros, e exames sociais como o teste Lendo a Mente nos Olhos ainda não foram extensivamente usados nesse tipo de pesquisa, afirmam Hambrick e outros especialistas. Além disso, não se chegou a qualquer conclusão na nova pesquisa se as mudanças que acontecem na cognição por causa da idade são resultado de uma causa só – como o declínio da velocidade das transmissões neurais – ou de várias.
Mas, por enquanto, a nova pesquisa pelo menos dá algum significado ao adjetivo vazio "esperto".
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